Jack, o Estripador e Outros Assassinos Nunca Identificados
- Wesley Oliveira
- há 5 dias
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1. Os assassinatos misteriosos na rua Whitechapel
Na névoa das noites londrinenses de 1888, um assassino em série aterrorizou o distrito pobre de Whitechapel, deixando um rastro de terror que ecoaria por mais de um século. Jack, o Estripador ganhou seu nome a partir de uma carta assinada como "Dear Boss" enviada a alguém que alegava ser o assassino, sendo amplamente divulgada pela imprensa da época. Embora seja possível que essa carta fosse falsa, escrita por jornalistas para aumentar as vendas de jornais, o nome pegou e se tornou sinônimo do terror urbano vitoriano. Entre agosto e novembro de 1888, cinco mulheres conhecidas como "As Cinco Canônicas" foram brutalmente assassinadas: Mary Ann Nichols, Annie Chapman, Elizabeth Stride, Catherine Eddowes e Mary Jane Kelly. Todas eram prostitutas, todas foram mortas com extrema violência, e todas tiveram suas gargantas cortadas antes de sofrerem mutilações abdominais que sugeriam conhecimento anatômico considerável.

O que tornou Jack, o Estripador uma figura tão marcante na história criminal não foi apenas a brutalidade de seus crimes, mas a forma como ele zombou das autoridades. Durante o período dos assassinatos, a polícia recebeu inúmeras cartas supostamente do assassino, mas apenas três são consideradas potencialmente autênticas: a "Dear Boss", que usou pela primeira vez o nome Jack, o Estripador; a "Saucy Jacky", que mencionava um "evento duplo" coincidindo com dois assassinatos na mesma noite; e a mais perturbadora, "From Hell", enviada com metade de um rim humano alegadamente retirado de uma das vítimas. Um médico que examinou o órgão afirmou que deveria pertencer a uma mulher com cerca de 45 anos que sofria de doença associada ao excesso de bebida, e Catherine Eddowes, de cujo corpo havia sido retirado um rim, tinha 46 anos e era alcoólatra. A coincidência era macabra e convincente.

A investigação sobre os assassinatos de Jack, o Estripador ficou marcada por inúmeras falhas da polícia londrina. Londres era atendida por duas forças policiais distintas que frequentemente não compartilhavam informações, as cenas dos crimes não eram isoladas adequadamente permitindo contaminação de provas, e faltava tecnologia forense moderna como impressões digitais ou análise de DNA. Além disso, por serem mulheres pobres e prostitutas, as vítimas não receberam a mesma atenção que outras poderiam ter recebido. Apesar de extensas investigações, o assassino nunca foi identificado, e sua verdadeira identidade provavelmente nunca será conhecida com certeza. O caso foi oficialmente arquivado, mas o mistério permanece como um dos mais intrigantes da história criminal.
2. Quando o Terror Veio Disfarçado de Código
Décadas depois, do outro lado do Atlântico, outro assassino em série deixaria sua marca na história não apenas pelos crimes brutais, mas pela forma singular como desafiou as autoridades. No final dos anos 1960, o norte da Califórnia foi assombrado por uma série de crimes brutais: em dezembro de 1968, David Arthur Faraday e Betty Lou Jensen foram mortos a tiros em um carro; em julho de 1969, Michael Renault Mageau e Darlene Elizabeth Ferrin foram atacados de forma similar, com Michael sobrevivendo; e em setembro do mesmo ano, o casal Bryan Hartnell e Cecelia Shepard foi esfaqueado, com apenas o homem sobrevivendo. O Assassino do Zodíaco, como ficou conhecido, tinha como alvo casais jovens e um motorista de táxi solitário, e afirmou em suas cartas ter matado cerca de 37 pessoas, embora apenas cinco mortes sejam confirmadas.
O que tornou o Zodíaco particularmente perturbador foi sua necessidade de comunicação e provocação. Ele enviou cartas enigmáticas e cifras aos jornais e à polícia, com mensagens que apresentavam descrições detalhadas de seus crimes e exigiam suas publicações. Uma dessas mensagens, chamada de "cifra 340", permaneceu um mistério por 51 anos até que em dezembro de 2020, um trio de decifradores amadores — David Oranchak, Jarl Van Eycke e Sam Blake — finalmente conseguiu decodificá-la usando um software especialmente desenvolvido. A mensagem revelada era perturbadora, mas não continha informações sobre sua identidade. Até hoje, apesar de suspeitos como Gary Francis Poste terem sido apontados por investigadores em 2021, a identidade oficial do Zodíaco permanece desconhecida.

3. Um Legado de Mistérios Não Resolvidos
Jack, o Estripador e o Assassino do Zodíaco são apenas dois exemplos de uma categoria assustadora de criminosos: aqueles que nunca foram capturados. A história está repleta de casos semelhantes que continuam a intrigar investigadores e entusiastas do true crime. A Dália Negra, como ficou conhecida Elizabeth Short, foi encontrada em 1947 com seu corpo mutilado e esquartejado em Los Angeles, em um dos casos mais brutais e misteriosos dos Estados Unidos, onde o assassino nunca foi identificado. O Homem do Machado de Nova Orleans aterrorizou a cidade entre 1911 e 1919, assassinando cerca de 12 pessoas de forma brutal, matando-as com navalhas ou machadinhas. Até mesmo o famoso caso do envenenamento de Tylenol em Chicago em 1982, onde sete pessoas morreram após ingerir pílulas adulteradas com cianeto, nunca foi solucionado.
Assassinos nunca identificados que marcaram a história:
Jack, o Estripador (1888): Cinco prostitutas brutalmente assassinadas em Londres; enviou cartas macabras à polícia
Assassino do Zodíaco (1968-1969): Pelo menos cinco vítimas na Califórnia; enviou códigos criptografados que desafiaram especialistas por décadas
Dália Negra (1947): Elizabeth Short encontrada esquartejada em Los Angeles; caso marcado por extrema brutalidade
Homem do Machado de Nova Orleans (1911-1919): Cerca de 12 vítimas; uma vez ordenou que todos os bares tocassem jazz para evitar uma chacina
Assassino do Tronco de Cleveland (década de 1930): Matou e desmembrou pelo menos 12 pessoas, removendo cabeças ainda vivas
Rodovia das Lágrimas (1969-2011): Pelo menos 18 mulheres desapareceram ou foram mortas em um trecho de estrada no Canadá
Assassinatos do Lago Bodom (1960): Três jovens mortos brutalmente em uma barraca na Finlândia; caso nunca resolvido

4. Por Que Esses Casos Nunca Foram Resolvidos?
Diversos fatores explicam por que esses crimes permaneceram sem solução. Na época de Jack, o Estripador, a tecnologia forense era praticamente inexistente — não havia análise de DNA, impressões digitais ou fotografia criminal padronizada. A falta de coordenação entre forças policiais, contaminação de cenas de crime e a desvalorização das vítimas (frequentemente mulheres pobres e marginalizadas) comprometeram as investigações. Mesmo com avanços tecnológicos posteriores, assassinos como o Zodíaco conseguiram escapar através de planejamento cuidadoso e inteligência. O tempo também trabalhou contra a justiça: testemunhas morreram, evidências físicas se deterioraram, e os próprios criminosos podem ter falecido sem nunca serem identificados.

5. O Fascínio Eterno pelo Desconhecido
Mais de um século após os crimes de Jack, o Estripador, e décadas depois dos assassinatos do Zodíaco, esses casos continuam a fascinar o público. Eles se tornaram parte da cultura popular, inspirando filmes, livros, documentários e séries. Passeios turísticos pelas ruas de Whitechapel atraem milhares de visitantes anualmente, e entusiastas ainda tentam decifrar os códigos do Zodíaco. Esses assassinos simbolizam mais do que criminosos que escaparam da justiça — representam o medo do desconhecido, a fragilidade da segurança urbana e a complexidade da mente humana. Seu legado mudou a forma como a sociedade encara a investigação criminal e serve como lembrete de que, apesar de todos os avanços da ciência forense moderna, ainda existem mistérios que podem nunca ser completamente desvendados.
































































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