PCC: História e expansão.

O Primeiro Comando da Capital (PCC) é hoje a maior facção criminosa do Brasil e uma das mais influentes da América Latina. Surgiu em 1993 no presídio de Taubaté, em São Paulo, após o massacre do Carandiru, quando 111 presos foram mortos pela polícia. A ideia inicial do grupo era buscar proteção contra a violência policial e estatal, mas rapidamente evoluiu para uma organização estruturada com poder dentro e fora das cadeias.

"Marcola" considerado líder da facção. Wiki.

Seus fundadores, entre eles Misael Aparecido da Silva (Misa) e José Márcio Felício (Geleião), criaram um estatuto com regras de disciplina, lealdade e união entre presos, usando o lema “paz, justiça e liberdade”.

Com o tempo, o PCC se transformou numa espécie de empresa do crime, com hierarquia, codinomes, setores financeiros e comunicação organizada por meio de bilhetes chamados “salves”. A facção exige que seus membros, conhecidos como “irmãos”, paguem mensalidades chamadas “cebola”, dinheiro usado para comprar armas, pagar advogados, financiar fugas e ajudar famílias de presos. O que era resistência virou um sistema lucrativo de tráfico de drogas, assaltos, sequestros, lavagem de dinheiro e controle de presídios.

O crescimento do PCC ficou evidente em 2006, quando realizou uma série de ataques coordenados em São Paulo, incendiando ônibus, atacando bases policiais e causando caos na cidade. Tudo isso foi ordenado de dentro dos presídios, como resposta à transferência de líderes para presídios de segurança máxima. Foi nesse momento que o Brasil percebeu que não lidava mais com criminosos comuns, mas com uma organização criminosa estruturada, capaz de desafiar o Estado.

Cidades de SP que sofreram ataques em 2006. Fonte: Wiki

A liderança principal está nas mãos de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, preso desde 1999. Mesmo isolado, ele continua comandando decisões de dentro da cadeia. A facção se sustenta principalmente pelo tráfico de cocaína. Controla rotas que vêm da Bolívia, Peru e Colômbia, atravessam fronteiras no Mato Grosso do Sul e Paraná, e seguem para o Porto de Santos, de onde parte da droga é enviada para a Europa e África. O PCC mantém alianças com cartéis internacionais, domina fronteiras no Paraguai e Bolívia e atua em estados como Pará, Pernambuco, Ceará, Mato Grosso, Paraná e Acre.

Uma das maiores forças do PCC é o controle sobre o sistema prisional brasileiro, explorando a superlotação, abandono estatal e falta de assistência jurídica. A facção oferece proteção, comida, remédios, advogados e amparo a familiares. Dentro das cadeias, organiza celas, horários de banho de sol, impor regras contra estupro, delação e violência desnecessária. Quem desrespeita o estatuto sofre “tribunal do crime”, podendo ser condenado à morte.

A partir dos anos 2010, a facção expandiu para outros estados e começou uma guerra silenciosa com rivais como o Comando Vermelho (CV) e a Família do Norte (FDN). Isso resultou em rebeliões brutais em presídios de Manaus, Boa Vista e Porto Velho, com mortes, decapitações e vídeos divulgados. Apesar disso, em muitos territórios, o PCC prefere o método de dominar por dinheiro, acordos e compra de aliados, ao invés de guerra aberta.

A facção movimenta milhões por mês, investindo em lavagem de dinheiro através de empresas de fachada, lojas, transporte, imóveis e comércios populares.

Com um estatuto que dita regras e foca em manter a unidade do grupo, o PCC possui uma força de poder paralelo incrível.

Investiga-se que parte desse dinheiro circula por aplicativos, contas bancárias de laranjas e até criptomoedas. O Estado brasileiro já realizou operações como Ethos, Cravada e Echelon para prender advogados, bloquear contas e interceptar comunicação.

O PCC segue forte porque ocupa um espaço onde o Estado falha: dentro das cadeias, nas periferias e nas rotas internacionais. Enquanto não houver reformas reais no sistema penitenciário, combate à corrupção policial e inteligência integrada entre estados, o Primeiro Comando da Capital continuará como uma das organizações criminosas mais poderosas do país.

O post vai ficar muito grande, tem bastante operações policiais e casos para anexar nesse tema...irei incluir numa postagem futura.